terça-feira, 15 de setembro de 2009

A BOLA

A BOLA
Luis Fernando Veríssimo

o pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.
O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse "Legal!". Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
- Como é que liga? - perguntou.
- Como, como é que liga? Não se liga.
O garoto procurou dentro do papel de embrulho. - Não tem manual de instrução?
O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros.
- Não precisa manual de instrução.
- O que é que ela faz?
- Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.
-Oquê?
- Controla, chuta ...
- Ah, então é uma bola.
- Claro que é uma bola.
- Uma bola, bola. Uma bola mesmo.
- Você pensou que fosse o quê?
-Nada, não.
O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado Monster Ball, em que times de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em forma de h/ip ele­trônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente. O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Esta­va ganhando da máquina.
O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conse­guiu equilibrar a bola no peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto.
- Filho, olha.
O garoto disse "Legal" mas não desviou os olhos da tela. O pai segurou a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mental­mente o cheiro de couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa idéia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar.

PERGUNTA PARA SER RESPONDIDA EM COMENTÁRIOS:

1) "Essa é uma crônica que fala sobre conflitos de gerações", você concorda com essa afirmação? Qual era o conflito entre o pai e o filho?

22 comentários:

  1. Sim por que o pai nao prestou atenção nos dias em que o filho( e ele tambem) esta vivendo. A modernidade-tecnologia.
    An Gabriela

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  2. fala a cronica que o filho nao sabe usar uma bola de futebol e voce sabe

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  3. Eu concordu com esse comflito pois antigamente,naum se existiam video games como hje e tinhamos q fazer tdo com nossa própria capacidade.O foco do conflitu era o filho q no video game jogava mto bem futebol mas com uma bola de verdade ele naum era mto bom já o pai era bom d bola mas,naum no video game.
    Ass:Fernandinha

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  4. EU acho que não era de se esperar o filho saber "jogar ou brincar de bola"porque ele foi acostumado com as tecnologias de hoje em dia maspara que ele vai jogar futebol com a bola se ele pode jogar no computador?Essa pergunta eu posso responder, o futebol de compútador nao te deixa com um bom preparo fÍsico e nao te da um bom futuro como os do jogadores da televisao.
    ASS:lucas

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  5. É aprendíamos com os pais, hoje aprendemos com os filhos e netos.

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  6. Quais as características do filho?

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  7. Eu concordo hoj a tecnologia esta muito avancada e bom Mas as vezez demais nao faiz bem a geracao do pai e diferente d do filho mas brincadeiras antigas são boas

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    1. Característica do pai instente e a do filhote de desenteresado

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    2. Sim.O garoto não sabia o que era uma bola e como usá-la,e o pai tenta atrair a atenção do menino para ensina-lo a jogar futebol.

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  8. Gerações diferentes pensam diferentes

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  9. muito legal a crônica e interessante.

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